A Câmara Municipal da Praia da Vitória assinala este ano o 110º aniversário do nascimento de Vitorino Nemésio com um programa cultural que inclui o lançamento de um livro, uma peça de teatro e um atelier de escrita criativa. O anúncio foi feito na manhã de segunda-feira pelo vereador da Cultura da Autarquia.

Paulo Codorniz, que falava numa conferência de imprensa que decorreu na Casa de Vitorino Nemésio, na Praia da Vitória, explicou tratar-se de uma iniciativa que dá continuidade à estratégia municipal de valorizar a vida e a obra do escritor praiense, reconhecido atualmente como um dos nomes grandes da Literatura Portuguesa do século XX.

“Desde que assumimos funções no Município, temos vindo a organizar vários eventos que procuram enaltecer a vida e a obra de Vitorino Nemésio. A par disso, temos apostado na recuperação de algum do seu património, nomeadamente a Casa das Tias e a Casa onde o escritor nasceu, esta onde realizamos esta conferência de imprensa. São duas valências que estavam votadas ao esquecimento e que nós recuperamos, valorizando estes dois imóveis e, acima de tudo, enriquecendo a oferta turística do Concelho. Esses projetos têm dado frutos. Por exemplo, a Casa de Vitorino Nemésio, onde funciona um pequeno museu que assinala a sua vida e obra, regista 12 mil visitas desde 2008, numa média de quatro mil visitantes por ano, o que, para a nossa dimensão, é um registo muito bom. Este ano, voltamos a assinalar uma data da vida de Nemésio, o seu nascimento, dando assim continuidade à valorização do nosso maior escritor”, justificou o responsável municipal.

Segundo Paulo Codorniz, os três momentos altos do programa comemorativo dos 110 anos do nascimento de Nemésio são o lançamento do livro “Sentado Numa Pedra de Memória”, da autoria de Carlos Bessa, um texto entretanto teatralizado e levado à cena na Casa de Vitorino Nemésio; a estreia da peça de teatro “Um Retorno à Ilha da Saudade”, da autoria de Teresa Valadão, e levado à cena pelo Grupo de Teatro do Juncal; e a realização de um Atelier de Escrita Criativa, orientado pelo professor António Couto.

“O livro de Carlos Bessa será uma edição bilingue em pequeno formato, que estará disponível, por exemplo, na Casa de Vitorino Nemésio. Ainda não foi agendada a data de lançamento. Iremos anunciá-la a breve trecho. Relativamente à peça de teatro de Teresa Valadão, é um texto que tem por base duas obras de Nemésio – Corsário das Ilhas e Festa Redonda – e do qual resulta um espetáculo que não só homenageia o escritor, como uma componente cultural muito importante da nossa terra: as cantigas ao desafio e as filarmónicas. Será um espetáculo muito interessante, com muita vida e sentimento, cuja data de estreia será anunciada também brevemente”, adiantou o vereador da Cultura.

“Quanto ao Atelier de Escrita Criativa, será orientado pelo professor António Couto, decorrendo na Casa das Tias e na Casa de Vitorino Nemésio. Depois do Carnaval, divulgaremos mais informações, assim como as fichas de inscrição, que, também depois do Carnaval, estarão disponíveis no sítio da Autarquia na Internet”, informou.

Segundo Paulo Codorniz, o programa comemorativo dos 110 anos do nascimento de Vitorino Nemésio inclui também a exibição de vários documentários e filmes sobre o escritor, várias conferências e exposições públicas de alguns dos seus escritos.

“São eventos que ainda estamos a ultimar e cujas datas serão anunciadas dentro de algum tempo. No caso da exibição de filmes e documentários, a nossa ideia é exibi-los não só na cidade, mas também nas freguesias. A Casa de Vitorino Nemésio possui, atualmente, vários filmes e documentários, caso da série Mau Tempo no Canal, da autoria de Zeca Medeiros e produzido pela RTP/Açores, ou o documentário Nem Toda a Noite a Vida, da autoria de Cátia Aldeagas, além da série Se Bem Me Lembro. Pensamos exibi-los em várias sessões durante o ano”, explicou Paulo Codorniz.

Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva nasceu a 19 de dezembro de 1901 na Praia da Vitória.

Foi poeta, escritor, professor universitário e um dos maiores vultos da Literatura açoriana e portuguesa do século XX, tendo recebido o Prémio Nacional da Literatura (1965) e o Prémio Montaigne (1974).

O seu romance mais famoso é Mau Tempo no Canal (galardoado com o Prémio Ricardo Malheiros), sendo também autor de Corsário das Ilhas, Festa Redonda, Paço do Milhafre, Eu, Comovido a Oeste, Nem Toda a Noite a Vida, ou O Bicho Harmonioso, entre prosa e poesia.

Da sua pena saiu também a definição do conceito de Açorianidade, amplamente difundido em posteriores estudos sociológicos, académicos e literários.

Nemésio faleceu a 20 de fevereiro de 1978, em Lisboa.

Gabinete de Comunicação