O presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória desafiou os produtores hortícolas, florícolas e frutícolas da ilha Terceira e os especialistas académicos nestes setores a ajudarem os responsáveis públicos e políticos a definirem estratégias que potenciem a capacidade empregadora do setor e o reforço da viabilidade económica desta atividade,
Na abertura do Ciclo de Debates sobre Diversidade Agrícola “Produzir Local, Pensar Global”, a decorrer até sábado, 28, na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira, na Praia da Vitória, o autarca sublinhou acreditar que o setor primário contém capacidade para absorver a mão-de-obra desempregada na Região, assim como consolidar-se como mercado de trabalho para a juventude.
“O paradigma do emprego mudou. Até aqui, quem estudava tinha emprego garantido e a construção civil, alavancada pelas obras públicas, garantia emprego à mão-de-obra menos qualificada. Hoje, com a crise que vivemos e com a mais do que expetável redução das obras públicas, esta realidade alterou-se definitivamente. Por isso, acredito que reside no setor primário, particularmente na agricultura, parte da solução para o desemprego”, explicou Roberto Monteiro.
“Com o potencial económico que a produção agrícola sustentada e biológica apresenta, estou convicto que ela pode ser uma solução, não só para absorver a mão-de-obra desempregada, mas, sobretudo, para surgir como uma oportunidade de rendimento para muitos jovens, com qualificações e capacidade para aproveitar o momento do setor, importar técnicas novas e inovadoras e colocar-se no mercado com produtos competitivos e apetecíveis para um mercado de consumo cada vez mais exigente com as questões da alimentação”, argumentou.
Roberto Monteiro desafiou, por isso, os especialistas e produtores reunidos neste ciclo de debates a provarem que é possível produzir mais e melhor no setor hortofrutíflorícola; que é possível rentabilizar as explorações e apostar em estratégias de comercialização eficazes; e que é possível reduzir as importações, abastecer o mercado local e, a médio prazo, consolidar as exportações, “beneficiando a economia local, a criação de emprego e a geração de riqueza”.
“Cabe a cada um de vós – desafiou, dirigindo-se aos produtores presentes na sala – reunir dados, criar massa crítica e influenciar o poder político, no sentido de que este setor, ao lado do setor do leite e da carne, se consolide como um pilar da nossa economia”.
O presidente da Câmara Municipal da Praia, entidade organizadora deste ciclo de debates em parceria com a Fruter e com a Bioazórica, explicou que a Autarquia se envolveu neste projeto por acreditar que esse seu contributo pode fazer a diferença numa estratégia de geração de emprego.
“As competências legais de um município não incluem este tipo de atividades. E muitos podem até questionar a sua utilidade. Mas este executivo municipal está convencido de que este tipo de atividades suscita interesse e, acima de tudo, contribui para a reflexão e discussão sobre estes assuntos, criando-se massa crítica e união entre os produtores, através das quais será possível reforçar a sua voz e, por essa via, influenciar positivamente os decisores públicos”, explicou o autarca praiense.
“Entendo que, através da união de esforços, todos podemos ajudar a encontrar soluções para aquele que me parece o nosso maior desafio: como criar emprego atualmente e, acima de tudo, gerar oportunidades para a próxima geração, a geração dos nossos filhos e netos, que dificilmente terão a vida profissional facilitada como a nossa geração teve”, sublinhou.
O Ciclo de Debates sobre Diversidade Agrícola “Produzir Local, Pensar Global” decorre até sábado na Praia da Vitória, reunindo especialistas locais e nacionais do setor, assim como as organizações representativas e os produtores hortícolas, frutícolas e florícolas da ilha.
Na sessão de abertura, a diretora regional dos Assuntos Comunitários da Agricultura, Fátima Amorim, garantiu que o Governo Regional dos Açores está empenhado em reforçar o setor agrícola e que o contributo dos produtores será uma mais-valia na definição de políticas e de apoios.
“Na minha participação neste ciclo de debates – esta sexta-feira – apresentarei alguns apoios em vigor, assim como algumas medidas que vamos implementar em breve. Estamos convictos de que este setor tem enorme potencial económico e que pode tornar-se um pilar da nossa economia. O Governo Regional dos Açores está empenhado nesse processo”, frisou a responsável.
Sieuve de Meneses, presidente da Fruter, organização de produtores parceira na realização deste ciclo de debates, frisou a importância deste encontro para a criação de pensamento sobre o setor e sublinhou ser importante às organizações de produtores e aos próprios fazerem ouvir a sua voz, “para convencer os políticos da viabilidade do setor e das suas caraterísticas, obstáculos, possibilidades e entraves”.
“Há questões de âmbito político que é preciso resolver. E os políticos têm de ouvir os produtores, facilitando a sua atividade e, por essa via, potenciando a nossa economia”, disse.
Mónica Oliveira, da BioAzórica, a outra organização de produtores envolvida neste ciclo de debates, frisou a importância da união de esforços na consolidação do setor e, acima de tudo, a necessidade de se desmistificarem alguns conceitos relativos à produção de hortícolas, frutas e flores.
“É importante que as pessoas conheçam o que se produz, quais as vantagens desses alimentos, assim como a realidade deste setor. Porque quanto mais esclarecidos forem os consumidores, melhor capacidade de decisão terão. E os produtores só têm a beneficiar com isso”, frisou.
O Ciclo de Debates sobre Diversidade Agrícola “Produzir Local, Pensar Global” continua na noite desta sexta-feira, 27, com o começo dos trabalhos agendados para as 19h00, num painel dedicado à produção agrícola convencional e as orientações que se avizinham para o seu futuro.
O debate é moderado pelo Professor Doutor António Mexia, sendo intervenientes a engenheira Fátima Amorim (“Apoios Governamentais à Produção Local”), a engenheira Conceição Filipe (“20 Anos de Produção Hortoflorifrutícola na Terceira”) e a engenheira Ana Paula Nunes (“Utilização Sustentável dos Pesticidas e Alterações no Modo de Produção”).
No sábado, 28, a manhã será dedicada ao painel “Alimentos locais, alimentos saudáveis”. A primeira intervenção, às 10h00 e a cargo do padre Francisco Dolores, será sobre a utilização de ervas medicinais, seguindo-se, às 10h30, a comunicação da Drª. Cláudia Meneses sobre “Agricultura à Mesa: vantagens nutricionais” e, às 11h00, do produtor agrícola Avelino Ormonde, sobre “O Poder das Folhas com Green Smoothies”.
Da parte da tarde, às 14h30, intervirá a Drª Mónica Oliveira, com uma comunicação intitulada “Consumo Responsável”, seguindo-se a intervenção de vários representantes de superfícies comerciais sobre perspetivas da substituição da importação por produtos locais.
A partir das 15h30, decorrerá a comunicação sobre a exportação de fruta e de flores a partir da ilha Terceira, da autoria do engenheiro António Domingues. Às 16h00, intervirá o engenheiro António Marques, com uma breve resenha histórica sobre o setor apícola e as perspetivas de mercado.
Este painel será moderado pelo vice-presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Paulo Messias.
A sessão de encerramento do Ciclo de Debates está agendada para as 16h30, sendo presidida pelo secretário regional da Agricultura e Florestas, Noé Rodrigues.
Na primeira noite do ciclo, o debate foi dedicado à ecoprodução, com intervenções do professor doutor António Mexia, do engenheiro José Marques e do produtor Avelino Ormonde. O debate foi moderado pelo professor doutor João Batista.
Gabinete de Comunicação
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