O setor agrícola “tem um papel decisivo na recuperação económica” e é uma “janela de oportunidade” para a mão-de-obra sem emprego na Região, nomeadamente a até aqui integrada na construção civil. A ideia foi defendida pelo vice-presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória nas VI Jornadas Agrícolas da Praia da Vitória, que decorreram de sexta a domingo, na Sociedade Recreativa Santa Biatriz, nas Quatro Ribeiras.

Intervindo nas sessões de abertura e de encerramento do encontro, Paulo Messias defendeu que esse objetivo será alcançado por via do aumento da produção numa lógica de autoabastecimento.

“Para atingir tal objetivo, o setor Agrícola tem de ser orientado e apoiado para o Aumento de Produção visando quer a substituição de importações, quer o aumento das exportações. Para que tal se concretize, o setor agrícola deve envolver-se ativamente nos projetos de prospeção de novos mercados de destino como é o exemplo da recente parceria, promovida pela Câmara Municipal da Praia da Vitória, entre os Açores e a Finlândia e Rússia”, argumentou.

“Para que tal aumento de rendimento se verifique, temos que ser capazes de encontrar soluções que acrescentem valor ao que produzimos. Só conseguiremos aumentar o rendimento se formos capazes de valorizar o que produzimos”, desafiou.

“Além do aumento e da valorização da produção, o setor agrícola tem de redobrar os projetos conjuntos com a Universidade dos Açores nomeadamente os projetos orientados para a valorização comercial da produção e para o reforço da competitividade das Explorações. Aliás, a perspetiva prática das Jornadas é conseguida pelo facto de serem as Associações Agrícolas quem identifica as temáticas a debater; promover a partilha dos resultados dos Projetos de Investigação Científica desenvolvidos pelas Universidades com os Empresários Agrícolas. Ou seja, é objetivo promover a ligação entre a Ciência e o Mundo Empresarial; e incrementar a confrontação entre propostas e soluções alternativas nas vertentes estratégicas e operacionais da Atividade Agrícola”, sublinhou Paulo Messias.

Fátima Amorim, diretora regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, destacou a importância das jornadas no debate do setor e realçou a presença numerosa de agricultores.

“Dou os parabéns à Câmara Municipal e as associações agrícolas pela continuada organização deste evento. Os Açores têm condições excelentes para a produção de leite e de carne, assim como de várias culturas agrícolas. A agro-indústria tem evoluído positivamente nos Açores e devemos continuar a apostar neste setor. Assim como devemos continuar a apoiar a diversificação agrícola, que tem vindo a crescer em todo o arquipélago”, argumentou.

A responsável destacou ainda os 25 milhões de euros investidos em caminhos agrícolas e abastecimento de água entre 2007 e 2013 e os apoios atribuídos ao abrigo do Prorural, “determinantes para a modernização do setor agrícola na Região”.

Por seu turno, José António Azevedo, presidente da Associação Agrícola da Ilha Terceira, destacou a importância que representam os apoios comunitários e disse esperar que o próximo quadro comunitário de apoio mantenha a ambição do quadro que termina este ano.

E desafiou os presentes a debaterem as fileiras do leite e da carne numa perspetiva de aumento do rendimento dos produtores.

“Não queremos ser o parente pobre desta cadeia de produção. Todos beneficiam e nós somos os que menos usufruem. É importante alterar esta situação”, sublinhou.

Anselmo Pires, da Associação de Jovens Agricultores Terceirenses, realçou o empenho da Câmara Municipal da Praia na realização anual das jornadas agrícolas e sublinhou

“É preciso acarinhar esta atividade. Mas, mais importante, é passarmos das palavras aos atos. Os Açores são uma região agrícola e não nos podemos esquecer disso. Temos de continuar a evoluir e estes espaços de debate e troca de conhecimentos são fundamentais para o desenvolvimento desta atividade”, frisou.

Criticou também algumas recentes diretivas legais, nomeadamente a obrigatoriedade de documentos para situações de transporte de gado.

Por seu turno, Rui Castro, presidente da Junta de Freguesia das Quatro Ribeiras, relevou a escolha da freguesia para a realização das jornadas, “prova de que a dimensão territorial e da população não impedem a descentralização de eventos importantes no Concelho da Praia”.

Durante três noites, várias dezenas de agricultores reuniram-se nas Quatro Ribeiras para ouvir vários intervenientes sobre diferentes aspetos da agropecuária e debater o presente e o futuro do setor.

Gabinete de Comunicação