O presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória comprometeu-se a criar um grupo de trabalho que defina uma estratégia credível para reduzir o impacto da redução militar norte-americana na Base das Lajes. Roberto Monteiro anunciou este projeto no primeiro debate do ciclo que a Câmara Municipal da Praia da Vitória está a promover para pensar o Concelho e definir estratégias de desenvolvimento para o período 2013-2020.
No primeiro encontro, que decorreu na manhã de sexta-feira, 24, subordinado à economia e emprego – diagnóstico e contexto, o autarca praiense alegou que a economia do Concelho tem uma grande dependência da Base e que a redução desse “setor” será “catastrófica”.
“Por exemplo, o que seria Angra economicamente sem o peso dos serviços da administração pública lá instalados? No caso da Praia, a Base foi e é a nossa função pública. Agora, com a redução anunciada, vamos viver um momento muito difícil. E temos que nos organizar, temos de ser proactivos em busca de soluções”, explicou.
“Comprometo-me, publicamente, a criar uma equipa de trabalho credível que possa, efetivamente, defender uma orientação estratégica para este problema. O que deve ser feito? O que poderá ser feito? O que deve ser feito pela parte pública? O que tem que ser feito em parceria com as entidades privadas, para podermos ter perspetivas efetivas económicas, independentemente do desfecho da redução militar na Base, ou em paralelo com esse momento”, adiantou o presidente da Autarquia.
“O processo de redução está a avançar. Têm surgido publicamente algumas ideias para o futuro, caso do porto da Praia. Mas o aproveitamento do porto da Praia é uma questão de médio prazo, que nunca resolverá os nossos problemas a curto prazo. Portanto, precisamos de respostas para já”, sublinhou.
A questão da Base das Lajes foi um dos pontos em destaque no primeiro debate do ciclo promovido pela Autarquia, onde o professor universitário Nuno Martins, a responsável pela Agência para a Qualificação, Emprego e Trabalho de Angra do Heroísmo, Isabel Berbereia, e o empresário Fernando Meneses analisaram o atual momento da economia, do emprego e do tecido empresarial do Concelho da Praia.
A esse propósito, numa síntese das comunicações e do debate que lhes seguiu, o presidente da Câmara da Praia realçou a ideia de que são necessárias soluções para a requalificação da mão-de-obra desempregada no Concelho, de acordo com as necessidades do tecido produtivo.
Uma tese que ganhou maior força perante os dados do desemprego no Concelho apresentados por Isabel Berbereia.
Segundo a responsável, em abril deste ano, o centro de emprego registava 1027 inscritos. Por freguesias, segundo a mesma fonte, Santa Cruz, Vila das Lajes e Vila Nova são as freguesias com maior número de desempregados registados no centro de emprego (com Santa Cruz distanciada das outras duas) e o maior número de desempregados no Concelho tem entre 35 e 45 anos, do sexo masculino e com o 4º ou o 5º ano de escolaridade.
Fernando Meneses, na sua intervenção, criticou a forma com vários planos governamentais de apoio ao emprego e ao estágio estão a ser concretizados e pediu que as instâncias regionais não olhem apenas para os empregados e desempregados, mas olhem também para os empresários e para as empresas.
“Temos o problema da fiscalização, que, curiosamente, em período recessivo, aumentou consideravelmente. Temos, muitas vezes, os centros de emprego a não estarem no terreno para analisar se aquela pessoa que pagam se está, de facto, a ser produtivo. E, mais importante, andamos a manter, artificialmente, o emprego, quando o problema reside na falta de procura. E sem procura, nenhuma empresa cria emprego”, sublinhou, entre outros pontos.
Por seu turno, o professor Nuno Martins, depois de um périplo pela história económica do Concelho, sintetizou a sua intervenção apelando a que sejam os empresários e decisores locais a definirem quais as estratégias para o desenvolvimento do Concelho e sublinhou a importância de se perceber que a criação de riqueza local não decorre só de novos projetos.
“É preciso criar riqueza. Mas é também preciso ver como as potencialidades de criação de riqueza que já existem podem traduzir-se em riqueza que fique cá. Criar riqueza não é só começar do nada. É também potenciar o que já existe. Mas não é ninguém de fora que nos vai dizer isto”, sublinhou.
Na abertura do primeiro debate, o presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória voltou a justificar o ciclo de debates com a necessidade de o Concelho ter um documento orientador do seu desenvolvimento para a próxima década e apelou à participação dos praienses.
O próximo debate decorre no dia 29 de maio, às 10h30, nos Paços do Concelho, subordinado ao tema “Ordenamento Territorial, Urbanismo e Ruralidade”. Serão oradores Sónia Alves (Impactos no Concelho pela criação do parque natural da Ilha Terceira), Manuel Ortiz (Visão estratégica dos instrumentos de gestão territorial do Concelho), Hugo Rosa (Desenvolvimento do espaço rural; reabilitação e potenciação turística) e José Parreira (Reabilitação urbana e arquitetura rural).
O terceiro debate será sobre Economia e Emprego – oportunidades e ações, estando agendado para a tarde do dia 29 de maio, às 17h00, no mesmo local.
A 31 de maio (15h00), debater-se-á a Sociedade e Apoio Social e a 03 de junho (10h30) o Ambiente e Recursos Naturais. A 06 de junho (10h30), o encontro será sobre Educação e Formação; a 12 de junho (19h30), sobre a Cultura e as Indústrias Culturais Criativas; e a 14 de junho (17h00), sobre Cidadania e Governância.
Gabinete de Comunicação.
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