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Sociedade
Presidente da Câmara Municipal da Praia na inauguração das obras de beneficiação do Miradouro Humberto Delgado, “Identificar utilização sem contrapartidas de recursos do Concelho não significa desrespeitar papel das Forças Armadas Portuguesas
11 junho 2013

O presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória reconhece e releva o trabalho desenvolvido pelas Forças Armadas Portuguesas no Concelho e no arquipélago e rejeita que as suas declarações sobre a utilização de recursos do Concelho sejam lidas como um ataque a essa instituição.

Falando na inauguração das obras de beneficiação do Miradouro Humberto Delgado, em Santa Rita, que decorreram este domingo, 09 de junho, Roberto Monteiro frisou que as declarações proferidas por si no âmbito do ciclo de debates sobre o futuro do Concelho se limitam exclusivamente ao uso dos recursos do Concelho sem “qualquer contrapartida por parte do Ministério da Defesa Nacional”.

“Pessoalmente e institucionalmente, tenho uma grande admiração, respeito e reconhecimento pelo trabalho que as Forças Armadas Portuguesas têm desenvolvimento na Base, no Concelho, na Ilha e na Região. E tenho a certeza que ninguém duvidará do nosso reconhecimento coletivo, expresso quer no relacionamento com a instituição, quer por via do Município ou da população do Concelho, que sempre acolheu, integrou e valorizou o papel dos nossos militares. Em momento algum, desvalorizei essa realidade. Agora, o que é um facto é que há uma utilização dos recursos do Concelho, sem qualquer contrapartida por parte do Ministério da Defesa para com a Praia da Vitória. Temos o caso da água; temos os vários casos de obras sem licenciamento; temos o caso dos bairros ilegais em volta da Base”, argumentou o autarca praiense.

“É fundamental que não se confundam as coisas. Identificar este problema não põe em causa o respeito que tenho, quer pessoal quer institucional, pelas Forças Armadas, quer nacionais quer norte-americanas”, sublinhou Roberto Monteiro, numa resposta à reação do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas às declarações do autarca sobre a utilização de recursos do Concelho por parte dos militares na Base das Lajes.

Na mesma intervenção, o presidente da Câmara Municipal considerou ainda que a Autarquia, a Junta de Freguesia de Santa Cruz e o Governo Regional estão “ aparentemente sozinhos” na defesa dos interesses dos funcionários e trabalhadores indiretos da Base das Lajes e da restante população do Concelho, que serão afetados “drasticamente com a redução do efetivo militar norte-americano” estacionado naquela base militar.

“Por vezes, temos a sensação de estar a resolver sozinhos problemas que não foram criados por nós. É isso que, por exemplo, sentimos no processo de resolução dos bairros ilegais em torno da base”, alegou.

Roberto Monteiro recordou as preocupações humanistas e sociais do “general sem medo” quando estudou a planície das Lajes para a instalação da futura base e desafiou as autoridades nacionais a usarem-nas como exemplo.

“Oxalá, tivéssemos hoje um general Humberto Delgado para defender os nossos interesses. Espero estar enganado – e farei o mea culpa se o estiver – mas sinto que, perante todo o impacto que está a ocorrer e que vai agravar-se no próximo ano, temos e teremos muito poucos a ajudarem-nos a minimizar essa situação. Estamos a um ano da data de redução do efetivo militar americano e as autoridades locais e regionais não têm qualquer informação sobre o que está a ser preparado. Estamos há sete meses a aguardar uma audiência com o Ministério da Defesa Nacional. Infelizmente, a nível local e regional, estamos a fazer o que outros deveriam estar a fazer, mas sem quaisquer certezas de resolução”, explicou, aproveitando a referência às preocupações sociais e económicas do Humberto Delgado quando percebeu o impacto da construção da base nas famílias que habitavam e rentabilizavam a planície cerealífera das Lajes por parte do seu neto, Frederico Delgado, Rosa, presente na inauguração das obras de beneficiação do miradouro.

“O futuro que se avizinha será dos mais difíceis neste Concelho. Teremos de nos unir em termos institucionais – Câmara, Junta, Governo Regional e, preferencialmente, Governo da República, porque é aí que está grande parte do processo de negociação. Espero que este conjunto institucional, ligado a uma comunidade que tem tudo o que precisa para ter sucesso, possa avançar rumo a uma solução eficaz e satisfatória”, sublinhou o autarca praiense.

Na sua intervenção, o neto do “general sem medo” recordou a ação do avô na construção da Base das Lajes, particularmente na concessão de facilidades de utilização a forças militares estrangeiras naquela infraestrutura.

Frederico Delgado Rosa frisou ainda que nesse trabalho, Humberto Delgado sempre manifestou preocupação com o futuro das populações da ilha, particularmente aqueles que habitavam e viviam das terras da planície lajense, uma das melhores zonas de produção agrícola da ilha.

Realçou ainda o papel da Autarquia e da Junta de Freguesia de Santa Cruz na memória futura do seu avô, nomeadamente através do Miradouro que ostenta seu nome, “o primeiro monumento que tem o seu nome antes do 25 de abril de 1974”.

O presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz, Carlos Armando Costa, justificou as obras de beneficiação pela importância do miradouro para a oferta turística da freguesia e do Concelho e pela importância que a autarquia atribui a Humberto Delgado, um dos “obreiros” da base, infraestrutura que provocou um significativo impacto no desenvolvimento económico, social e cultural da Praia da Vitória, da ilha e da Região.

Gabinete de Comunicação.

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