O presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória alertou, esta manhã, 22 de outubro, que a redução do efetivo militar norte-americano na Base das Lajes está a ocorrer a passos largos, contrariando a ideia de que o processo teria sido suspenso pela ação do Congresso americano.
Falando aos deputados do Grupo Parlamentar do Partido Socialista na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, que solicitaram uma audiência para dar conta dos encontros com os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, o autarca praiense acusou o Governo da República de “manter um silêncio inqualificável” sobre este assunto, evitando, nos últimos seis meses, reunir com o presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória e com os órgãos representativos dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes.
“Há uma realidade na Base bem diferente daquela que fizeram passar na opinião pública. Não existe qualquer instrução das chefias militares americanas para a suspensão do processo. A redução do efetivo militar está a acontecer a passos largos e já com impacto real no Concelho. Desde agosto, as famílias dos militares deixaram de vir para a ilha, o que provocou uma redução de 30 por cento no mercado de aluguer de moradias no Concelho. De igual modo, os programas de integração dos militares na realidade da ilha – passeios pela ilha, por exemplo – foram cancelados. Vários serviços estão a ser transferidos para locais mais pequenos, que não albergam todos os funcionários afetos a esse serviço, caso do BX. Há outros serviços que já têm sido notificados da data em que deixarão de funcionar. Ou seja, na realidade, os militares norte-americanos continuam a concretizar os seus planos de redução. O que prova que é falsa a ideia que se criou na opinião pública de que o processo tinha sido suspenso devido à ação do Congresso americano”, explicou o presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória.
“E tudo isto acontece com o silêncio do Governo da República, nomeadamente dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa. Não existem adjetivos para qualificar esta atitude do Governo da República, que abandona este Município e os trabalhadores portugueses na Base à sua sorte. Não quero acreditar que outros interesses se levantam nesta matéria”, assume Roberto Monteiro.
Luta sem tréguas
Aos deputados socialistas açorianos, o presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória garantiu que o Município não vai baixar os braços e que vai esgotar todos os meios ao seu alcance para que esta situação não passe impune.
“Vamos solicitar uma audiência ao Representante da República a quem manifestaremos os nossos argumentos, a real situação do problema e o impacto negativo que já vivemos. E vamos também apresentar-lhe o nosso mais veemente protesto pelo facto de, nos últimos seis meses, os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa evitarem uma audiência com a Câmara Municipal da Praia da Vitória e com os órgãos representativos dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes”, adiantou Roberto Monteiro.
O autarca praiense anunciou ainda que vai realizar uma conferência de imprensa em Lisboa sobre este assunto, pretendendo dar expressão nacional a esta situação, particularmente ao silêncio do Governo da República.
“Nessa conferência, onde estarão presentes representantes dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes, pretendo apresentar dados concretos que provam que a redução do efetivo militar está a ocorrer e que, mesmo havendo uma decisão política no Congresso, já existem estragos feitos. Sem falar no impacto negativo que já existe na economia e na nossa sociedade”, argumentou Roberto Monteiro.
Aos deputados socialistas, o presidente da Autarquia Praiense voltou a referir as suas sucessivas intervenções públicas sobre este assunto, particularmente a urgência de um plano de mitigação de curto prazo para a redução do efetivo militar americano na Base.
“Transmiti também aos senhores deputados que o Município da Praia da Vitória defende que, se a Defesa norte-americana vai reduzir o seu efetivo nas Lajes, os Estados Unidos não podem, de forma alguma, continuar a usufruir das mesmas contrapartidas e facilidades no arquipélago, particularmente na Base das Lajes. É incompreensível que mantenham na base pouco mais de uma centena de militares e, ao mesmo tempo, continuem a ocupar toda aquela área, impondo restrições ao aproveitamento das potencialidades que aquela infraestrutura pode oferecer a este Concelho, à nossa ilha e, no geral, aos Açores”, sublinhou o autarca praiense.
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