O vereador da Cultura do Município da Praia da Vitória defende que a recuperação do forte de Santa Catarina foi um grande passo para o Concelho, não só em termos históricos e culturais, mas também em termos turísticos.
Tibério Dinis, que falava na sessão de reabertura do forte de Santa Catarina, que decorreu na tarde de domingo, 31 de agosto, considera que o forte, enquanto parte do nosso património cultural e arquitetónico, deve ser preservado e promovido junto dos turistas.
“O forte de Santa Catarina era o principal da linha defensiva que protegia a baía dos ataques frequentes de piratas e corsários, por isso tem um valor histórico incomensurável”, sublinhou.
Para o responsável municipal, “é importante promovermos o que é nosso, o que faz parte da nossa história, por isso pretendemos manter o forte aberto durante a passagem de cruzeiros”.
Além do vereador da Cultura, também participou na sessão de reabertura do forte a Presidente da Junta de Freguesia do Cabo da Praia, Mónica Brum.
A autarca sublinhou a importância da infraestrutura para a imagem da freguesia e do Concelho, já que o forte de Santa Catarina se encontra numa das entradas da ilha.
“Muitos dos que nos visitam, passam por este forte. Tê-lo aberto é disponibilizar uma janela para a nossa história e para a nossa riqueza. O forte de Santa Catarina é, pois, um cartão de visita da nossa freguesia e da Praia da Vitória, que muito enriquece o Cabo da Praia”, frisou Mónica Brum.
O forte de Santa Catarina é uma das últimas estruturas da antiga muralha defensiva da baía da Praia da Vitória.
O Forte de Santa Catarina localiza-se a sul da baía da Praia da Vitória, junto ao Porto Comercial, na Freguesia do Cabo da Praia, e é o primeiro da baía, na sua ponta oeste e, por isso, acabou por desempenhar um papel importante na defesa da Praia e, consequentemente, da Ilha e dos Açores. A sua construção iniciou-se em data incerta, entre 1567 e 1580 (esta última data está inscrita no portão de entrada), seguindo o plano de defesa do arquiteto Tommaso Benedetto para os Açores.
Durante vários séculos, o Forte manteve-se como um dos maiores dos Açores, voltando a ter um papel importante na defesa da Liberdade, durante as lutas liberais.
A 11 de agosto de 1829, deu-se na Terceira a maior batalha contra o miguelismo. O exército de D. Miguel tentou desembarcar na Praia, com os seus 4 000 homens, 21 embarcações, 340 peças de artilharia e 6 barcas canhoneiras. A nossa defesa era composta por pequenos fortes de marinha e algumas baterias ao longo da baía. O Duque da Terceira António José Severim de Noronha, também conhecido como Conde de Vila Flor, assumiu o comando das tropas liberais.
A batalha da Praia iniciou-se com os bombardeamentos miguelistas sobre os Fortes de Santa Catarina e o do Espírito Santo. Durante 4 horas, os miguelistas foram responsáveis por cerca de 5 000 tiros, mas apesar desta ofensiva, as forças liberais não recuaram. Os absolutistas tentaram desembarcar nas proximidades do Forte do Espírito Santo e junto ao areal da Praia, mas estas tentativas falharam graças à resistência liberal. A partir dos Fortes ao longo da baía, disparou-se contra a frota miguelista e conseguiu-se assim, evitar o desembarque e manter livre a nossa “Ilha-Fortaleza”. O exército absolutista saiu derrotado. Era a primeira vitória liberal contra os absolutistas. Iniciava-se uma nova fase na História do país.
Em recompensa ao apoio dado à causa liberal, D. Maria II atribuiu através de carta régia em 1837, a Angra, o cognome de “Muito Nobre, Leal e Sempre Constante Cidade de Angra do Heroísmo” e “Muito Notável” e o título “da Vitória” à Praia.
A reabertura do forte de Santa Catarina está inserida na estratégia municipal de preservação do património histórico-cultural e promoção turística do Concelho.
A partir de 1980, o Forte foi classificado como Imóvel de Interesse Público.
Trata-se, portanto, de uma fortificação do tipo abaluartado, de planta pentagonal irregular e altura equivalente a dois pisos. Ocupando uma área de 713 m2, a forma irregular que a estrutura apresenta, resulta da adaptação à rocha que o alicerça, sendo a construção em cantaria.
No seu interior, no piso térreo, encontra-se uma construção retangular com um piso e cobertura de uma água em telha de meia-cana tradicional rematada por beiral simples. Em frente à entrada está uma rampa em calçada, que dá acesso ao plano de baterias, que chegaram a ser guarnecidas por doze canhoeiras que batiam todos os quadrantes. Aqui encontra-se uma pequena guarita de planta pentagonal irregular, construída em alvenaria de pedra com cobertura piramidal. O paiol também se encontrava neste piso. A entrada para o forte faz-se por um portão inserido num vão rematado em arco abatido assente em mísulas.
O imóvel é rebocado e pintado de amarelo com os cunhais, as molduras dos vãos e o cordão envolvente em pedra à vista.
Este imóvel patrimonial serve atualmente de sede à Liga dos Combatentes (Núcleo de Angra do Heroísmo), como testemunho vivo aos veteranos de guerra. O Forte faz, também, parte do Museu de Angra do Heroísmo.
Gabinete de Comunicação.
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