A vice-presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória considera que a ação local é a melhor resposta para os problemas sociais existentes e que, por isso, urge “construir uma nova estratégia territorial, operacionalizada por uma nova forma de intervenção integrada”, capaz de racionalizar meios, otimizar processos de intervenção e garantir uma visão e ação de proximidade junto das pessoas, famílias e comunidades.
Paula Ramos, que intervinha na sessão de abertura do Encontro Regional de Comissões de Proteção de Crianças e Jovens, a decorrer nos dias 02 e 03 de dezembro, na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira, sublinha que “a ação local possibilita uma utilização adequada dos recursos junto de quem mais necessita bem como uma capacidade de resposta a necessidades emergentes”.
“Enquanto no modelo de sociedade inclusiva, as politicas sociais tinham uma natureza essencialmente redistributiva, solidária, universal e desterritorializada, atualmente tendem a basear-se nos principios da gestão do risco e da responsabilidade individual. A intervenção social, nesta conjuntura, tende para a responsabilização e implicação dos beneficiários, bem como para a localização das politicas e intervenções. Ora, chegados a este ponto, importa saber como decidir e como explicar escolhas, num contexto de desestabilização, de desqualificação social, em que se torna necessário abrir espaço à existência de critérios locais, contextualmente distintos, produzidos e aplicados em diversos circuitos de distribuição e trocas sociais e económicas”, argumenta.
“A ação local surge como resposta possivel, não apenas a problemas sociais e económicos, mas também ao peso burocrático e administrativo dos serviços centrais do Estado; constitui-se como uma forma de resistência à degradação das condições de usufruto de determinados direitos sociais. Verifica-se a necessidade de construir uma nova estratégia territorial operacionalizada por uma nova forma de intervenção integrada, que racionalize e rentabilize localmente os diferentes recursos técnicos e logisticos existentes, otimizando os processos de intervenção, articulando as diferentes perspetivas dos problemas e vias de solução, eliminando sobreposições e lacunas de atuação, permitindo a análise dos problemas de cada cidadão e sua familia e do Concelho, como um sistema que integra o todo das suas inter relações pessoais, sociais e comunitárias”, considera a responsável municipal.
“O apoio à familia deve ser considerado no seu contexto macro-social. O problema de base da não integração de muitas familias não se situa em familias isoladas mas em mecanismos e estruturas sociais. Assim, é preciso detetar e contrariar os fatores sociais que produzem a não integração. O estabelecimento de laços sociais, com pessoas, atividades e valores conformes, deve ser a aposta de uma politica efetiva de prevenção da não integração”, adiantou.
Importância da Escola
Na sua intervenção, a vice-presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória centrou ainda atenções na importância da escola como veículo de integração social das crianças e jovens e destacou o empenho do Município praiense em projetos educativos.
Nesse contexto, anunciou dois novos projetos: “Aprender a Estudar Melhor” e o “Atelier de Magia”, que serão coordenados por Dora Roldão e funcionarão na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira.
Segundo Paula Ramos, o combate ao insucesso e abandono escolar é uma prioridade no Município da Praia da Vitória.
“A inclusão constitui a resposta adequada para o reconhecimento da criança como sujeito de direito bem como o meio de luta eficaz contra a pobreza e a exclusão social. A importância da escola como veículo de integração não pode, nem deve, ser esquecida, daí que o combate ao abandono e insucesso escolar seja uma das intervenções sociais que o Municipio da Praia da Vitória elegeu como prioritária”, sublinhou.
“Ao nível individual, a saída de uma criança ou jovem do sistema de educação e formação sem atingir um determinado patamar de referência limita fortemente o seu campo de possibilidades. No plano profissional, conduz a uma integração em segmentos menos qualificados de emprego, com fracas perspetivas de mobilidade, baixas remunerações e um risco desproporcionalmente elevado de precariedade e, principalmente, desemprego. A escola oferece bens importantes aos alunos (aptidões que abrem a via do sucesso material e social) numa perspetiva de socialização secundária. Daí que o combate ao abandono escolar precoce seja fundamental para promover o crescimento económico e a inovação, fortemente dependentes do conhecimento e da existência de mão-de-obra qualificada”, defendeu Paula Ramos.
A responsável municipal enfatizou ainda ser fundamental o reconhecimento de que “as escolas têm de servir os alunos que realmente têm, e não aqueles que que talvez gostassem de ter, poderá ser o primeiro passo para ter um sistema escolar que dê uma oportunidade a todas as crianças”.
“Neste contexto, o Município da Praia da Vitória, através do Projeto Reabilitação na Comunidade, iniciado em 2008, desenvolve ações de apoio a crianças, adultos e idosos do concelho da Praia da Vitória, nomeadamente, nas áreas de Reabilitação Psicomotora; Neuropsicologia; Apoio Psicopedagógico; Serviço Social e Animação Sócio-cultural, com o objetivo último de realizar a integração social e plena do individuo em sociedade. Este projeto, em novembro de 2012, foi reconhecido a nível nacional com um dos prémios “Hospital do Futuro” atribuídos pelo Fórum Hospital do Futuro e pelo SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Sócio-Educativo, que premeiam anualmente pessoas e organizações que se destacaram ao longo do ano anterior na dinamização de projetos úteis na comunidade. O Projeto Reabilitação na Comunidade venceu o segundo lugar na categoria de Educação”, pormenorizou.
“Em suma, o Município da Praia da Vitória assume a Educação como principal pilar do seu desenvolvimento, demonstrando inovação e liderança na implementação de atividades de enriquecimento curricular no 1.º ciclo do Ensino Básico, numa aposta clara na valorização de competências técnicas e humanas das crianças de hoje que serão os pais e educadores de amanhã”, concluiu.
Gabinete de Comunicação.
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