Em 2012, os Estados Unidos da América anunciaram o plano de redução do seu efetivo militar na Base das Lajes.
A partir dessa data, começaram a reduzir vários serviços e valências.
Desde então, foram reduzidas as comissões de serviço de 24 para 12 meses;
Foi proibido o acompanhamento de familiares e dependentes;
Reduziram os stocks de produtos nos pontos de venda na Base;
Anunciaram o encerramento da Escola americana, da Unidade de Polícia de Investigação Militar e do Grupo Médico.
Estas medidas, já concretizadas, provocaram a redução em 50% dos arrendamentos fora da Base;
Reduziram em 20 toneladas por mês as cargas operadas no Concelho, com impacto no serviço dos transitários locais;
Reduziram o consumo no comércio local, particularmente na restauração;
E puseram fim a um conjunto de trabalhos associados à presença americana fora da Base, que deixaram sem rendimento centenas de praienses.
Esta foi, em traços gerais, a primeira fase do plano concretizado pelos Estados Unidos da América.
Convém relembra-lo porque, pelas notícias de ontem, fica a ideia de que só agora é que o Concelho vai sofrer consequências pela redução na Base das Lajes.
Os Estados Unidos da América confirmaram, ontem, que vão concretizar a última fase do seu plano de redução de efetivos na Base das Lajes.
Nesse âmbito, até ao final do ano, vão reduzir o número de trabalhadores portugueses de 800 para 400; reduzir o efetivo militar de 650 para 165 militares; e entregar várias infraestruturas ao Estado português.
Ambas as fases, resultam numa quebra do Produto Interno Bruto do Concelho na ordem dos 30%; no aumento do desemprego no Concelho na ordem dos dois mil indivíduos (correspondendo a 25% da população ativa do concelho); e na retração do consumo e investimento locais. Ou seja, em efeitos devastadores para um Concelho pequeno, com uma realidade insular, com uma economia frágil, já de si amplamente afetada pela crise nacional.
ESTA É A REALIDADE. PURA E DURA.
Com esta ação, os Estados Unidos da América concretizam os seus planos, que têm por base uma única vontade:
MANTER A SUA PRESENÇA E O SEU PODER, MAS A UM CUSTO MAIS BAIXO
Pois, para que fique bem claro: A PRAIA DA VITÓRIA NÃO ACEITA SER A LOW-COST DOS AMERICANOS!
A Praia da Vitória não admite o desrespeito a que está a ser sujeita, porque – para que fique bem claro – há muito que percebemos a estratégia dos Estados Unidos: Desvalorizar a importância da Base das Lajes para continuar a usá-la sem limitações, mas com menores custos.
Ao longo dos últimos dois anos, os Estados Unidos desviaram centenas devoos militares das Lajes para bases no Canadá, em Espanha, Inglaterra, Islândia e Lisboa.
Esta afirmação é comprovada pelos dados recolhidos por diversos radares de spotting aeronáutico.
Em paralelo, diversos atores diplomáticos, assim como comentadores a soldo da potência americana, foram argumentando que a Guerra-fria acabou, que o Atlântico já não é geoestratégico para os Estados Unidos, que a Base deixou de ser importante, que nada é o que era.
De facto, vivemos outros tempos, mas a Base das Lajes continua a ser importante para os Estados Unidos da América.
POR ISSO QUEREM CÁ FICAR.
NÃO QUEREM É TER OS MESMOS CUSTOS.
ESTA É QUE É A ÚNICA DIFERENÇA.
É ESTA A ÚNICA RAZÃO PARA TUDO ISTO.
E É POR ISTO QUE, NESTE MOMENTO, FAZ TODO O SENTIDO
REPESCAR A DECLARAÇÃO DO ATUAL VICE-PRIMEIRO-MINISTRO,
PAULO PORTAS: A UMA REDUÇÃO DE CONTRAPARTIDAS,
CORRESPONDERÁ UMA REDUÇÃO DE FACILIDADES.
É esta a atitude que se exige. Porque se os Estados Unidos demonstram claramente que tipo de amizade têm por Portugal, então Portugal deve também clarificar a sua amizade pelos Estados Unidos.
É MAIS DO QUE TEMPO DE LISBOA PARAR COM RODEIOS E
DECLARAÇÕES DE DIPLOMACIA SUBSERVIENTE.
É TEMPO DO GOVERNO DA REPÚBLICA DEIXAR DE SE PREOCUPAR
EXCLUSIVAMENTE COM O ESTADO DA SUA RELAÇÃO COM A AMÉRICA
E PREOCUPAR-SE COM O SEU POVO.
PORQUE A PRAIA É PORTUGAL.
PORQUE AQUI VIVEM PORTUGUESES, QUE ESTÃO A SENTIR NA PELE A IMCOMPETÊNCIA DE PORTUGAL.
A única leitura que posso fazer da reação do Estado português ao anúncio dos Estados Unidos é a de total abandono e desrespeito por este Concelho, por esta população que tem sido o principal – e quase único – trunfo de Portugal nas suas relações com os Estados Unidos.
É com mágoa – para não dizer revolta – que leio a reação do Governo da República.
Perante uma catástrofe anunciada há dois anos e confirmada ontem, o Governo de Portugal diz-se simplesmente “DESAGRADADO”. É O MESMO QUE DIZER QUE ME SINTO APENAS INCOMODADO DEPOIS
DE LEVAR UM VALENTE PAR DE ESTALOS.
Nos últimos dois anos, o Município da Praia da Vitória, com o apoio do Governo Regional dos Açores, tem-se desdobrado em ações e propostas para a concretização de um verdadeiro plano de mitigação para o efeito da redução operada na base das Lajes.
A 11 de novembro de 2013, reuni com o Representante da República para os Açores e apresentei um conjunto de propostas de compensação equivalente ao impacto da redução de então.
A 28 de novembro de 2013, reuni com o ministro dos Negócios Estrangeiros, a quem apresentei estas e outras propostas e exigi à República um Plano de Revitalização imediato.
No dia 28 de outubro de 2014, reuni com o Primeiro-Ministro de Portugal, a quem apresentei um memorando pormenorizado com várias propostas para um plano de mitigação.
Pelo meio, reunimos com vários decisores políticos, com grupos empresariais, com entidades internacionais, com decisores e possíveis investidores. Publicamente, o Município da Praia da Vitória apresentou incansavelmente propostas e soluções para este problema.
A RESPOSTA FOI SEMPRE O SILÊNCIO POR PARTE DO GOVERNO PORTUGUÊS.
E NEM A PROMESSA DE UMA RESPOSTA EM 60 DIAS ÀS NOSSAS REIVINDICAÇÕES E PROPOSTAS POR PARTE DO PRIMEIRO-MINISTRO ALTEROU ESSA ATITUDE.
Aliás, 60 dias passados dessa promessa, a resposta que temos é a garantia por parte dos Estados Unidos de que a redução vai ser finalizada.
Hoje, como na altura, continuo convencido de que nunca houve, nem haverá, um interesse concreto em avançarmos nesta questão.
Hoje, como na altura, continuo convencido de que todo este processo está negociado e que as reais contrapartidas estão acordadas. VOLTANDO A PRAIA DA VITÓRIA A SER O FILHO BASTARDO E REJEITADO DESTA RELAÇÃO.
Continuamos com a mesma atitude desde há dois anos: perante as contrariedades, arregaçamos as mangas e apresentamos soluções e propostas.
E voltamos a fazê-lo hoje:
Exigimos que o Primeiro-Ministro de Portugal cumpra com a sua promessa e que responda ao Município da Praia da Vitória relativamente ao memorando apresentado em outubro de 2014. E esta resposta deve chegar-nos antes de reunião da comissão bilateral, agendada para fevereiro próximo;
Exigimos que a Comissão Bilateral Permanente, que reúne no próximo mês de fevereiro, aprove um Plano de Mitigação para a Praia da Vitória, a ser implementado de imediato;
Exigimos a presença de um representante do Município da Praia da Vitória na reunião da Bilateral em fevereiro, com a oportunidade de apresentar as nossas propostas e a ter um papel ativo na construção do plano de mitigação com medidas de curto e médio prazo;
Exigimos o desbloqueio imediato de todos os entraves ao aproveitamento ev dinamização das infraestruturas portuária e aeronáutica existentes no Concelho, acompanhadas por um pacote financeiro que permita a concretização das várias propostas apresentados pelo Município para a potenciação dos clusters marítimo e aeronáutico na Terceira;
Exigimos mecanismos e respetivos fundos para a implementação imediata de planos de apoio social e de formação profissional para inverter o crescimento do desemprego no Concelho.
Exigimos que estas exigências tenham resposta num prazo de 30 dias.
Caso contrário, reiniciaremos a defesa da renegociação do Acordo da Base das Lajes em todas as instâncias possíveis.
GARANTIDAMENTE, A NOSSA RESPOSTA NÃO SERÁ O SILÊNCIO A QUE
NOS HABITUOU O GOVERNO DA REPÚBLICA.
SEREMOS DUROS, RADICAIS E INTRANGISENTES NA DEFESA DO CONCELHO DA PRAIA DA VITÓRIA.
NÃO É UMA AMEAÇA. É UMA CERTEZA.
Gabinete de Comunicação.
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