O presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória contesta veementemente o plano norte-americano de devolução de infraestruturas na Base das Lajes, alegando que o mesmo faz cair por terra qualquer aproveitamento futuro das potencialidades económicas dos clusters aeronáutico e marítimo na Praia da Vitória.
Em conferência de imprensa, Roberto Monteiro desafiou o Ministério da Defesa Nacional a esclarecer, de forma transparente, se aceitou a estratégia norte-americana nesta matéria.
“Os Estados Unidos da América pretendem manter o controlo total da Base das Lajes e do porto americano na baía da Praia. Basta ver os mapas que mostram quais as infraestruturas que se manterão sob controlo americano na Base das Lajes, a que se junta o porto americano. Na prática, escolhem o melhor, mantêm total controlo no acesso à pista e a todas as estruturas essenciais ao funcionamento da mesma e apenas devolvem a Portugal um conjunto de edifícios que, pelo que sabemos, comportam inúmeros problemas estruturais. Ou seja, de forma ardilosa, e com a conivência portuguesa, os Estados Unidos provocaram um problema com a redução do seu contingente e, não satisfeitos, inquinam quaisquer ações que permitam ao Concelho construir uma nova economia para a Praia da Vitória”, acusa o autarca praiense.
“O mais grave é que o Ministério da Defesa nunca questionou esta matéria, nem elevou este assunto à discussão bilateral ou noutros fóruns. Hoje, e mais uma vez, denunciamos esta situação. Porque não podemos aceitar de qualquer forma que se provoque um problema presente e, ainda por cima, se impossibilitem soluções futuras”, realça Roberto Monteiro.
Atualmente, os Estados Unidos, na Base das Lajes, ocupam 454 edifícios, 142 alojamentos, 452 alojamentos familiares, 126 dormitórios, o Tank Farm (um dos maiores fora do território americano) e um conjunto de estruturas de apoio à presença americana na Base e à sua missão, nomeadamente o porto americano, que funciona em 50 por cento das infraestruturas portuárias na baía da Praia.
No futuro mapa, o 65th Air Base Wing passa a ocupar 105 edifícios (- 349), 80 quartos para alojamento (- 62), zero unidades de habitação familiar (- 452) e 178 dormitórios (+ 52) e continua a usufruir do Tank Farm e das mesmas Instalações portuárias.
“Ou seja, os Estados Unidos alegam que já não precisam de todas as infraestruturas que ocupam na Base, mas não diminuem a sua influência no controlo da pista e estruturas essenciais ao funcionamento da mesma; continuam a controlar as melhores infraestruturas, quer de serviços, alojamentos e estruturas de apoio (como a ETAR, o Ginásio, estruturas de abastecimento, etc.); continuam a beneficiar e controlar toda a frente de ligação à pista, zonas de estacionamento e estruturas de abastecimento na Base; continuam a usufruir e controlar todo o Tank Farm; e não cedem um milímetro de terreno nas estruturas portuárias”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória.
“E devolvem ao Estado Português um conjunto de edifícios cujos custos de adaptação afastam qualquer investidor; um conjunto de edifícios onde, muitos deles, têm problemas estruturais, sérios problemas nas coberturas e redes elétricas obsoletas, entre outros problemas”, acrescentou.
“Neste sentido, cabe ao Município denunciar e refutar a estratégia ardilosa que está a ser montada, à margem da bilateral e com o conhecimento do Ministério da Defesa Nacional”, salientou.
O responsável municipal alertou para a necessidade de haver uma movimentação por parte da sociedade civil no sentido de contestar este plano, que impede a ilha de poder ter um futuro económico e social sem depender de infraestruturas militares.
Gabinete de Comunicação.
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