A Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, a açoriana Berta Cabral, afirmou, na passada semana, que o Governo da República não conhece os planos dos Estados Unidos da América para a redução do seu efetivo militar na Base das Lajes. Afirmou ainda que o Governo da República aguarda que os Estados Unidos o informem sobre que infraestruturas vão necessitar, quais vão disponibilizar e, inclusivamente, qual a redução concreta do efetivo militar e de trabalhadores portugueses.
Disse ainda que o alerta do presidente do Município da Praia da Vitória sobre os planos americanos para a Base das Lajes em termos de infraestruturas (que garantem aos EUA a manutenção e controlo das infraestruturas chave naquela Base) “não tinha fundamento”, “nem era verdade”.
É com estupefação, apreensão e, acima de tudo, repúdio que o Município da Praia da Vitória conhece estas declarações. Porque, das duas uma, ou revelam desconhecimento do assunto ou são uma mentira para confundir os terceirenses.
Duvidamos que a Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional desconheça os assuntos à sua responsabilidade.
Em 2012, quando anunciaram o programa de redução da sua presença na Base das Lajes, os representantes americanos garantiram manter informado o Governo português. Em janeiro deste ano, quando reconfirmaram a redução, os responsáveis americanos reconfirmaram manter ao corrente o Governo português. Dias depois, o próprio Embaixador dos Estados Unidos da América em Portugal sublinhou que as autoridades portuguesas eram informadas de todo este processo.
No dia 04 de março, no âmbito da visita realizada à Ilha Terceira, o Secretário de Estado da Economia esteve na Base das Lajes, sendo-lhe apresentados, pelo comando do 65th Air Base Wing (65thABW), os planos americanos, particularmente ao nível das infraestruturas. Os representantes militares na reunião não manifestaram qualquer surpresa com essa informação.
Inclusivamente, na apresentação americana era dada a informação de quais as infraestruturas cedidas pelo 65thABW que os militares portugueses já teriam manifestado vontade em aproveitar.
No final, a delegação portuguesa do Ministério da Economia solicitou a apresentação, tendo o comando americano aceite tal pedido, embora assumindo tratar-se de informação do conhecimento português.
Dias antes, militares portugueses passearam-se pela Base das Lajes anotando que infraestruturas americanas podiam manter quais podiam abdicar. Tudo perante trabalhadores portugueses na Base das Lajes, que o confirmam.
Entre esse passeio e a visita do Secretário de Estado da Economia, o Município organizou uma conferência de imprensa sobre esses planos, com informações já conhecidas pelo Governo da República.
E, sendo a Base das Lajes uma infraestrutura militar portuguesa (como afirma Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional), é, no mínimo, espantoso que os EUA, durante anos, façam todo o levantamento, planifiquem todo o processo e tomem as suas decisões, mantendo tudo em sigilo.
Portanto, ou os militares portugueses não passam informações aos seus responsáveis políticos, ou estes refugiam-se em pruridos formais para justificar a sua ineficácia e incapacidade de defender os interesses do seu País.
Logo, ou os primeiros devem ser chamados a justificar-se ou os segundos devem deixar as funções que lhe estão confiadas, a bem do Povo português.
Mas, para o Município da Praia da Vitória, o mais grave de todo este episódio protagonizado pela Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, a açoriana Berta Cabral, é que o mesmo integra-se numa estratégia mais vasta gerida pelo Governo da República para minimizar o impacto da redução militar americana num território português, para esconder a sua incapacidade em negociar e enfrentar o “seu amigo” americano e para esquivar-se a assumir as suas responsabilidades.
Mais grave é também que uma açoriana integrada no Governo da República – sem esquecer aqueles que estão na maioria parlamentar – prefira protagonizar inverdades, justificando-se com formalismos, com o único intuito de confundir os portugueses, em particular os terceirenses, sem, em momento algum, ter arregaçado mangas para ajudar nesta causa.
Desde 2012, o Município da Praia da Vitória sabia que estava numa luta desigual ao procurar soluções para a redução militar americana na Base das Lajes. Mas não pensava que teria de enfrentar os próprios advogados que o deveriam defender. Muito menos aqueles que nasceram neste Arquipélago e pelo qual iniciaram a sua carreira política. Mas que o abandonam para defender outros interesses.
Gabinete de Comunicação.
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