Dar a conhecer a nossa história e aguçar a curiosidade de quem visita a Praia da Vitória, são os principais fatores que explicam a inauguração de uma réplica do antigo telégrafo ótico que existia na Serra do Facho, “trazendo à memória um dos mais primitivos modos de comunicação entre a população da ilha”.
Foi desta forma que Carlos Armando Costa, Vice-presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, justificou a instalação da réplica de um telégrafo ótico junto ao miradouro da Serra do Facho, no passado sábado, registando que “com esta réplica que agora aqui colocamos e com a recuperação do Telégrafo de Balões que existe no Monte Brasil, em Angra, a ilha Terceira é a única parcela do território nacional onde existe, em local original, um Telégrafo”.
“Com esta réplica pretendemos trazer à memória de todos e ao conhecimento das gerações mais novas um sistema de comunicação que existia antigamente e que sempre existiu na Praia da Vitória, sistema que permitia transmitir, em cerca de 10 minutos, uma mensagem até Angra, através do manuseamento deste telégrafo”, disse.
“Pretende-se dar a conhecer melhor, a quem nos visitam e também a nós próprios, parte da nossa história, dando, ao mesmo tempo, a possibilidade de todos entenderem melhor a evolução dos meios de comunicação no espaço temporal de pouco mais de um século”, acrescentou.
Os telégrafos óticos existiam um pouco por toda a costa sul da ilha, sendo muito importante o que estava instalado na Serra do Facho, uma vez que “a partir daqui há uma abrangência visual de parte significativa da costa sul da ilha e, portanto, quando se avistava ao longe as velas de um navio, que nunca se sabia se vinha por bem ou por mal, era através deste equipamento que se alertava a população”.
Acompanhado pelo autor da pesquisa que levou à recuperação deste equipamento histórico – o jornalista Victor Alves – Carlos Armando Costa sublinhou, ainda, a “grande importância que este meio de comunicação teve na Batalha do 11 de agosto de 1829”, a célebre batalha da Praia onde os liberais derrotaram os absolutistas.
“Pretende-se chamar a atenção das pessoas, essencialmente, despertar a curiosidade em todos para a maneira como nós comunicávamos. A Serra do Facho foi um local estrategicamente escolhido, por quem entendia da matéria, para, a partir daqui, comunicar, alertar e informar a população de diversas mensagens”.
Para além de uma réplica do primitivo telégrafo ótico, no local, foi afixada uma placa bilingue que explica sucintamente a existência daquele equipamento e um pouco da sua história. Paralelamente existe também um folheto (em português/inglês) que será distribuído a visitantes e locais, a contar a história.
Em traços gerais, de terra para o mar, era o olho humano que procurava velas no vasto oceano e quando as descobria, acionava um sistema de alerta, em larga escala, através da telegrafia ótica. Angra do Heroísmo e a Praia da Vitória dispuseram deste tipo de aparatos, desde os primórdios do povoamento, ao ponto de a ilha Terceira ser, no presente, a única parcela portuguesa onde existe, em local original, telégrafos óticos.
A investigação realizada pelo jornalista Victor Alves permite associar um telégrafo ótico à Batalha de 11 de Agosto de 1829 e cento e noventa anos depois foi possível identificá-lo e trazê-lo ao presente, em forma de réplica.
A telegrafia ótica desempenhou desde sempre um papel crucial na defesa das ilhas açorianas e evoluiu de rudimentares sinais de fumo para outros aparatos mais complexos, como fachos, telégrafos ou semáforos. É possível referenciar todos estes modelos na historiografia da ilha Terceira, desde os primórdios do povoamento, sendo os casos mais notáveis os dos fachos do Monte Brasil, em Angra do Heroísmo e o da Má-merenda, na Serra de Santiago, na Praia da Vitória.
Gabinete de Comunicação.
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