O Secretário Regional da Agricultura e Florestas, Noé Rodrigues apelou quinta-feira à noite aos técnicos para “não iludirem os produtores com a elaboração de projectos irrealistas sem condições de viabilidade nos investimentos propostas”.
Falando na abertura das II Jornadas Agrícolas da Praia da Vitória, Noé Rodrigues alertou que “os projectos de investimento dos agricultores só poderão ser aprovados se forem viáveis do ponto de vista económico de acordo com o que está, claramente, definido na legislação”. Segundo o responsável governamental existe uma obrigação de todos os agentes “de apoiar os produtores para que se tornem mais competitivos e autónomos e não para os conduzir a dificuldades económicas causadas pela irracionalidade”.
Noé Rodrigues chamou ainda a atenção para o facto de “a transformação de produtos ser uma sector fundamental na valorização das produções agrícolas” manifestando disponibilidade para “apoiar investimentos” [da indústria]. “Os investimentos na indústria de lacticínios será balizados pelos princípios do rigor, do aproveitamento da capacidade instalada e de eficiência”, explicou.
Avisou, porém, que “todos os investimentos que se fazem na transformação representam sempre um custo para o produtor” o que significa que vai haver “uma preocupação de selectividade desses investimentos”. O Programa de Desenvolvimento Rural dos Açores (Prorural) vai, até 2013, disponibilizar 322.891 milhões de euros. Como não apoia investimentos abaixo dos 3 mil euros o governo regional criou um programa específico, o PROAMA, que apoia com 50 por cento a fundo perdido investimentos até àquele montante.
O presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, entidade que promove as jornadas em parceria com o governo e associações agrícolas, sublinhou que “os municípios deverão assumir um conduta pró-activa na valorização da competitividade do sector agro-pecuário”. Roberto Monteiro garantiu que “a autarquia assume-se como parceira na luta pela melhoria dos rendimentos das empresas agrícolas”. Alegou que essa parceria assenta no facto de “existir [nos Açores] uma grande dependência dos mercados internacionais e comunitários”.
Segundo Roberto Monteiro “a orientação para a qualidade já não basta para vender a bom preço”. O futuro, acrescentou, “é a certificação dos factores de diferenciação”. Apontou por isso os factores para o sucesso do sector agro-pecuário que passam, na sua opinião, “pela qualidade da produção, eficácia da investigação regional, competitividade na indústria, certificação dos produtos, comercialização dos diferenciados e diversificação de mercados”.
Por seu turno o presidente da Federação Agrícola dos Açores (FAA), Jorge Rita, insistiu na “manutenção das quotas leiteiras nos Açores” porque permitem “defender os mais pequenos num território de pequena dimensão e disperso”. Criticou por isso a decisão da UE [de acabar com o regime de quotas] e reivindicou “medidas adequadas” porque, disse, “as apresentadas pelo Ministério da Agricultura como os 20 milhões para o sector do leite são insuficientes”.
Apelou ao governo regional “para criar condições para que os custos dos transportes dentro e para fora do arquipélago sejam iguais em todas as ilhas”. Finalizou sublinhando que “há uma preocupação transversal a todos os agricultores da região” que se situa “no atraso dos pagamentos que continuam sem uma calendarização indicativa”.
As Jornadas Agrícolas da Praia da Vitória debateram até Sábado “A Actividade Agrícola na Economia Regional”, “O sector do leite e lacticínios” e o “Sector da Carne”.
Gab. Pres.
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