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Sociedade
Desafios para o Voluntariado no século XXI, Apoio ao estudo e aos jovens são áreas a intervir defende presidente da Câmara da Praia
25 maio 2011

Apoio ao estudo, gestão e administração do orçamento familiar e apoio direccionado para os jovens, nomeadamente vocacionado para respostas aos desafios actuais para esta faixa etária. São estas as áreas que, segundo o presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, vão emergir nos próximos tempos como espaços de acção do voluntariado local.

Roberto Monteiro, que intervinha no painel dedicado ao Voluntariado inserido na II Semana Social, a decorrer até sexta-feira na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira, na Praia, adiantou aos presentes que estes serão, na sua óptica, os desafios que se colocam à comunidade e que o voluntariado associativo pode dar resposta.

“O nosso voluntariado associativo – ou seja, aquele organizado em associações, instituições e outro tipo de entidades – tem dado uma excelente resposta ao nível do apoio aos idosos, às crianças e a pessoas com necessidades especiais. Mas, na minha opinião, há três áreas que emergem a necessitar de resposta do voluntariado neste século XXI. Uma delas é ao nível do apoio ao estudo das nossas crianças, porque os professores, por variadas razões, não conseguem responder a todas as dificuldades de aprendizagem. Defendo que poderíamos reflectir nesta questão e, eventualmente, sensibilizar professores na reforma para ajudarem, integrando-se, por exemplo, em centros privados ou associativos de apoio ao estudo”, explicou o autarca, que encerrou o painel que decorreu na manhã de quarta-feira.

“Outra área – que hoje pode parecer impensável – é o apoio à gestão e administração do orçamento familiar. Os nossos avós sabiam poupar e, com rendimentos baixos, gerir uma família e, mesmo assim, poupar algo. Hoje, muitas famílias têm dificuldades nessa área. Acredito que, a médio prazo, acções de voluntários direccionadas para a formação na gestão do orçamento familiar podem ser uma boa resposta para estes problemas”, alegou.

“Outra área que me parece que o voluntariado pode ajudar é o apoio aos jovens, no sentido de os levar a ganhar ferramentas e competências que lhes permitam enfrentar os desafios do nosso tempo. Por exemplo, apoio e formação ao nível do empenho, do empreendedorismo, da mentalidade inovadora e criativa. Há muita gente que reflecte nestas questões e que pode dar um contributo importante. Porque os nossos filhos não vão viver a mesma realidade profissional e social que nós vivemos. E acções desenvolvidas por voluntários que os ajudem a enfrentar estas questões serão, sem dúvida, uma mais-valia”, explicou Roberto Monteiro.

Na sua análise ao momento actual do voluntariado no Concelho, o autarca praiense sublinhou a qualidade do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, quer ao nível do apoio às crianças, às pessoas com necessidades especiais, ou dos idosos.

“Muito tem sido feito. E há muita gente que dedica parte do seu tempo a projectos desta natureza. Como é de louvar o esforço de todos aqueles que, gratuita e voluntariamente, dedicam parte do seu tempo a instituições recreativas, culturais e desportivas, que, na minha opinião, são também uma forma de voluntariado”, realçou.

“Nos próximos tempos, acredito também que vamos ter de recuperar o espírito de solidariedade que existia no tempo dos nossos avós nas comunidades do Concelho. Nessa altura, todos procuravam ajudar o vizinho, o pobre que vivia perto da sua casa, ou quem, por razões várias, sofria as vicissitudes da vida. Esse espírito perdeu-se. Mas, nos tempos que correm, vamos ter de recuperar essa mentalidade, para construirmos uma sociedade cada vez melhor”, sublinhou.

“Tenho orgulho na grande maioria destas pessoas que, sem esperar recompensa, contribui para o desenvolvimento deste Concelho. Já não tenho orgulho naqueles que entram nestas actividades do voluntariado para benefício próprio, para elevação social, ou por interesses pessoais. Condeno esses casos. E quem participa deve ser capaz de interpelar e enfrentar estes casos. Porque o importante são os alvos da acção do voluntariado e não os interesses pessoais de cada voluntário”, alertou o presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória.

Antes destas palavras, Pedro Duarte Silva, um dos oradores convidados para o painel de debate sobre o voluntariado, sublinhou que a humildade e a verdade devem ser atitudes centrais a todos aqueles que dedicam parte do seu tempo a causas de apoio social.

“Ser humilde não é rebaixar-se. Mas exacerbar-se não é correcto em quem é voluntário. O voluntariado implica a adesão a um projecto. O voluntário não vem fazer a sua vontade. Vem de livre e boa vontade colocar-se ao serviço de uma missão. É fundamental que os voluntários tenham a noção do seu papel”, explicou o economista, que participa em vários projectos como voluntário.

“Ser voluntário é uma questão de alma. Não de genes. Mas o voluntário também não pode ser visto como mão-de-obra gratuita. O voluntário deve saber equilibrar a sua vida pessoal e profissional com o trabalho que desenvolve enquanto voluntário”, alertou, procurando caracterizar o que é o voluntariado e quais os seus desafios.

“Ser voluntário é dar sem esperar receber”, sublinhou, por seu turno, a professora Alice Costa, que participa em vários projectos de voluntariado no Concelho da Praia, caso da Associação de Pais e Amigos da Criança com Deficiência da Praia da Vitória.

“Esta experiência enche-nos a alma. É extraordinário ajudar o próximo e, das pequenas coisas, dos pequenos gestos de agradecimento, dos momentos em que quem ajudamos nos mostra a importância da nossa acção, retirarmos um enorme enriquecimento individual”, explicou, dando testemunho da sua acção como voluntária.

“Quem tiver disponibilidade, dentro das suas capacidades, deve procurar ajudar, deve participar, deve perceber em que projecto se pode inserir e, através dele, ajudar a construir um mundo melhor”, desafiou.

Gabinete de Comunicação.

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