Educar para a responsabilidade. É esta a solução de base para uma melhor Cidadania Activa segundo os vários especialistas que abordaram o tema nos debates no âmbito da II Semana Social, que termina esta sexta-feira na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira, na Praia da Vitória.
A ideia foi expressa em primeiro lugar por Josélia Fonseca, docente na Universidade dos Açores: “o homem não pode continuar preso a uma cidadania de bem-estar social que lhe dá e garante liberdade, sem exercer essa liberdade. E este pressuposto implica que esse homem se preocupe em agir responsavelmente sob o ponto de vista pessoal e social, seguindo uma ética de responsabilidade”.
Essa acção responsável implica, na óptica de Pedro Duarte Silva, outros dos oradores deste painel moderado pelo vereador Paulo Rocha, não esconder “a memória e a identidade da comunidade”.
“Os valores éticos e morais são garante da ordem estabelecida, ou seja, da polis. Esses valores garantem a confiança que actualiza a tradição e permite a acção do indivíduo enquanto actor num espaço social e comum. Uma sociedade que privilegia o indivíduo e esquece o colectivo, que promove o moderno e tenta esconder a tradição, é uma sociedade que caminha lentamente para o suicídio. Os povos serão tanto mais felizes quanto melhor conhecerem as suas raízes e quanto mais consciência tiverem disso. Só a adesão do individuo aos objectivos comuns garante o pleno desenvolvimento da polis”, explicou o economista.
“Cidadania é cumprir. Mas é, acima de tudo, ajudar na construção da polis. Porque esta não é só um condomínio com regras de funcionamento. É um projecto comum de homens, que se empenham na permanente construção da polis, tendo por base uma ética e uma moral de convivência comum”, argumentou.
“No fundo, educar para a cidadania – alegou Pedro Duarte Silva – é educar para a intervenção, para a deliberação e para a tolerância”.
Esta visão foi reforçada pela intervenção de Rogério Sousa: “acima de tudo, os jovens têm de aprender que, enquanto cidadãos, não têm apenas direito a um conjunto de direitos. Têm também deveres. E uma das formas que têm de intervir, de ajudar na construção da polis, do espaço comum, é a participação política”.
Para o programador cultural e membro de vários projectos de juventude, o empenho e dedicação que muitos jovens colocam na participação em vários projectos de índole social, recreativa ou cultural deveria surgir também na sua participação política.
Com argumentos complementares, os três intervenientes defenderam que a recuperação dos valores, a sensibilização para o bem comum e para a comunidade e, acima de tudo, a educação para o respeito e para a participação serão as chaves para uma cidadania cada vez mais activa, independentemente da forma como esta se expressa.
No entanto, sublinharam que a concretização de tal pressuposto não deve ser entregue exclusivamente à responsabilidade da escola.
“É uma tarefa que começa no seio familiar e que se estende à escola e a todas as instituições e intervenientes públicos”, realçaram.
Gabinete de Comunicação.
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